terça-feira, 1 de julho de 2008

O Embate Cruel e Desigual entre João Pança contra a Mariposa Falante!

Era um dia tranquilamente morno, o Sol do meio dia fazia o suor brotejar em sua testa vermelha e enrugada, e alguns fios finos de cabelo escorriam pelas laterais da face. Mesmo assim, João comia com louvor um belo prato com feijão, mas não um simples feijão, um feijão com pedaços de porco e carne seca e abobora com pimenta vermelha baiana, arroz refogado na manteiga e couve com pedacinhos de alho e torresmos e lingüiças calabresas e bananas fritas. Alguns rebeldes pedaços de costela insistiam em fugir das pontiagudas lanças de seu garfo, mas seus dedos gordos não se importavam de fazer o trabalho sujo, agarravam as costeletas e com a cartilagem presa aos dentes e um certeiro movimento de alavanca, João Pança arrancava nacos substanciosos de carne do que outrora havia sido a costela de um porco vivo!
Era um verdadeiro festival ve-lo chupando a ponta dos dedos rechonchudos, e agarrar o copo com cerveja, como quem agarra a propria vida, e a goles longos e profundos satisfazer sua sede, deixando marcas de gordura solidifcadas devido ao contato com as gotículas de agua fria que se formavam em volta do copo ainda gelado.
Era tambem interessante ver suas bochechas inflanto, enquanto pressiona os labios brilhantes para conter um arroto. O segundo, mais esperto, se disfarçando de soluço, escapa pela boca entre aberta.
Quantos pratos havia comido? 3... talvez 4! Enfim, saciado, respira, suspira e limpa as mãos na propria camisa, levanta com certo esforco, tirando a enorme barriga, que outrora se escondia por de baixo da mesa, ascende um cigarro e se dirige ao espaçoso e confortavel e velho sofá marrom.
Quando estava pronto para tirar seu tradicional cochilo após o almoço, se depara com uma enorme mariposa, descomunalmente grande, mas ainda assim uma mariposa, com um rosto fino, astuto e severo... João pensa estar sendo encarado... “Havia comido demais?” E subitamente a mariposa diz, com uma voz rouca e grave: “Hei! Gordão! Não vai sentar aqui, vai?” “Quem diabos era aquela mariposa!?! Pra me chamar de gordão!?!” Foi o que pensou primeiramente João Pança... E num ato incoerentemente agil, agarrou o jornal e sem dar tempo para que a mariposa lhe implorasse misericordia, e sem tempo para que pudesse notar o pavor no rosto bege, fino, astuto e severo da mariposa, e sem pensar na mancha de aparencia nojenta que se formaria no tecido marrom e desbotado do sofá, e em todas as reclamações que sua mulher lhe faria a comecar pela mancha e desenrolar por cada centimetro quadrado daquele pequeno apartamento que desesperadamente pedia uma reforma, que João, com seu emprego de taxista, so poderia pagar com no minimo tres encarnações, esmagou-a... Deitou e dormiu!