sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ferias...

O problema de se estar de ferias por muito tempo é que se perde a medida de comparação! Ficar de ferias tempo suficiente para que se torne algo padrão é demasiadamente monotono e desagradavel! Só é prazeiroso passar toda a extensao do dia fazendo somente o que convir quando estes dias são raros.
Eu ja estou a mais de 2 meses de ferias, e nao tive o que posso dizer de um ano de labutas interminaveis... E o pior disto tudo é que o fim de semana perde a graça, a sexta feira deixa de ser aquele dia gostoso de vespera de descanco.
As ferias deveriam acabar quando todos os dias ainda parecem sabados, porque quando todos os dias parecem domingo, é como se a unica opção de entretenimento da vida fosse assistir faustao!


ps: nao tenho nada melhor pra escrever!

Relatos de um Carnaval

Ao fundo uma bateria marca o ritmo de marchinha de carnaval... e os foliões gritam embriagados: "A noite é linda...
Nos braços teus...É cedo ainda...
Pra dizer adeus...Vem, Não deixes pra depois... depois
Vem...Que a noite é de nós dois... nós dois... lalala"
E o som do lança perfume embala o zunido dos meus ouvidos enquanto você revira os olhos e cai rindo em cima de um sofá... sexo hoje? Talvez não! O vestido se engruvinha no sofá levantando a saia e deixando a amostra o fim das coxas e o tecido suave de uma calcinha de algodão... "que belo par de coxas..." é o pensamento que me vem à mente... estiro o braço tentando alcançar seus seios... que fogem quando você se vira para vomitar... O seu perfume doce se mistura com o cheiro de bebida... Seria uma prostituta?!!? A idéia de você se entregando a outros homens me excita... mas só por uns instantes... depois a cólera do ciúmes me invade... levanto em um pulo... te agarro pelo braço e em passos largos me dirijo a porta... chega de carnaval por hoje!!

Como, quando e porque matei minha ex-namorada!

Eu te entreguei minha vida meu amor...
pra vc fzer o que quiser de mim
andei no compasso dos dizeres da emocao
atraido a ratoeira pelo cheiro da paixao

jamais imaginei tanta dor
quando este pobre amor chegou ao fim
Voce me disse que havia outro
que nao sentia nada mais por mim

deixou a minha vida em pedacos
eu andei no percalco da tristeza e solidao!
jamais imaginei voce traindo a mim
jamais imaginei assassinar alguem assim

carreguei meu revolver 38
esperei no seu trabalho ate voce sair
mirei um pouco acima do pescoco
e atirei ate voce cair!!

Relatos de uma Sociedade part 1

À primeira vista o bairro batel parece exaltar os valores da boemia devido a enorme quantidade de bares de diversos temas: mexicanos, americanos, soviéticos, rock, samba, pagode, lounge´s, boates, botecos e restaurantes disputam de maneira espalhafatosa as vistas dos transeuntes abordo de seus carros.
Porem, os prédios burgueses, as agencias bancarias de elite, lojas de roupas de grife e os carros importados que circulam por ali logo cessam a visão romântica e nos defrontam com a nata da sociedade conservadora curitibana.
Uma nata de nariz empinado e fétida, jovens cheios de músculos se digladiam para ver quem parece ter o maior pinto, o melhor carro, a melhor garota e a maior influencia no mundinho curitibano. Garotas estas que são um espetáculo a parte, peitos siliconados pulando para fora dos decotes, saias e calças minúsculas e trejeitos de vagabunda confundem liberdade sexual com auto-prostituição e se lançam aos braços de bruta montes com correntes de prata e camisetas baby look.
Entro em um “lounge bar” cuja porta giratória gigantesca é guardada por um segurança mal encarado e mal educado que responde as perguntas sobre o preço da entrada com um mau humor proposital e uma boçalidade irritante. Uma inversão das leis do comercio, onde pior é o tratamento melhor freqüentado é o lugar.
Tento conversar com algumas garotas que começam a latir, o leitor pode achar que eu esteja mentindo porem, uma das garotas literalmente começou a latir e mostrar os dentes, não me perguntem porque... Pensei que fosse algum tipo de droga alucinógena e fui para o bar, para pagar 4 reais em uma cerveja vagabunda... Restavam 26 reais de consumação... Note se aqui outra inversão de papeis, aqui homens e mulheres não trocam olhares, e sim os homens ficam se encarando a fim de testar seu poder intimador, que devido ao tamanho das crianças era bem intimidador... Não estava me sentindo bem...
Subo umas escadas que chegam a uma espécie de deck que fica sobre a pista de dança, são varias mesas com alguns casais e grupos de amigos todos parecendo estarem bem feliz... Resolvi sentar e experimentar a felicidade deles, olho o cardápio e os pratos custam em media 10% do meu salário... Deve estar ai a felicidade, poder gastar uma pequena fortuna em um petit gateau e sorrir!
Desisto de comer e desço novamente as escadas, pego outra cerveja de 4 reais e vou pra pista de dança, vejo duas garotas dançando sozinhas, resolvo me aproximar e uma delas me da um olhar congelante de desprezo, comecei a desconfiar que eu estava no lugar errado, minhas roupas folgadas, meu porte físico extravagante me faziam sentir uma peca exótica no meio de tantas coxas e peitos e barrigas com 0% de gordura trans.
Saio da pista e no caminho um sujeito bacana e bem educado derruba a minha cerveja e começa a me encarar de maneira amistosa, resolvo me afastar para não acabar apanhando, mas não sem antes pegar outra cerveja de 4 reais... Ainda restavam... Restavam algumas cervejas...
Sento em um sofá muito baixo e desconfortável e fico ali analisando aquele universo quando uma garota meio bêbada senta ao meu lado, tentei puxar uma conversa mas ela virou de lado e vomitou... A calca era tão justa que metade do seu traseiro juvenil estava à mostra... Eu estava começando a gostar do lugar! Mas daí um segurança veio retirá-la da casa. Pronto, era o meu fim, peguei o que me restavam das cervejas e saí dali!
Parei em um bar de tema mexicano que não cobrava nem entrada e nem consumação... Pedi 2 tequilas, talvez tudo estivesse chato porque eu estava sóbrio... Desceram rasgando... pedi uma cerveja pra arrematar e um Jack daniel´s... as coisas pareciam mais alegres... dei um grito entusiasmado e as pessoas a minha volta começaram a rir de mim! Acho que eu estava começando a fazer sucesso!
Resolvi pedir pra sentar em uma mesa que tinham 3 garotas, que surpreendentemente foram muito educadas e permitiram que eu me juntasse a elas... Comecei a falar que elas eram muito simpáticas... Simpáticas demais para serem daqui... E não eram... Eram gaúchas e estavam aqui pra um congresso de odontologia... ou psicologia... ou psiquiatria... .enfim... Duas eram muito bonitas e a outra era a chata! Sempre a feia é a chata! Incrível!
Depois de conversarmos por um tempo, perguntei o que elas fariam quando saíssem dali e elas responderam que não conheciam muito a cidade, se eu não gostaria de dar uma sugestão... O problema é que eu só consegui pensar em prostíbulos e botecos escrotos que não condizem com o perfil delas... Resolvi dizer que eu não costumava sair... Elas agradeceram e avisaram que estavam de saída... Me senti muito estúpido e resolvi pedir mais duas tequilas... Que desceram muito melhor que as duas primeiras... Então resolvi pedir mais duas e outra cerveja... O mundo estava quase perfeito... Até que eu resolvi pagar a conta: 60 reais! Já estava bêbado o suficiente para não achar ruim...
Na saída avistei um carro com um cara pendurado pela janela gritando e tacando um saco com algum liquido dentro em um grupo de pessoas que andavam pela rua... Porem o transito estava parado e o carro foi alvo fácil para pedradas e garrafadas... Como as coisas não paravam de melhorar, só faltavam às mulheres e os travestis... Porem o que chegou foi a policia que mandou todos encostarem na parede... Inclusive eu... Fui revistado e me mandaram embora... Segui meu caminho... Entrei em um bar com musica ao vivo 10 reais de entrada e 20 reais de consumação... A banda parecia ser boa... mas o repertorio era ridiculamente composto por musicas cretinas... Detesto banda que fazem pose de rock e tocam Capital Inicial... poderiam estar vestidos de rosa e dando a bunda que fariam melhor!
Fui de novo ao banheiro... Sai de lá com a impressão de que algo estava começando a dar errado... tratei de pedir um Jack daniels... e me serviram um jonhy walker... Paciência... Bebi e pedi novamente um jack daniels na esperança de que o erro fosse reparado... e novamente me serviram scoth... aquilo me irritou de tal maneira que eu xinguei o garçom que respondeu... Era o suficiente, segurei ele pela gravata e dei uma testada... imediatamente senti meus braços serem agarrados e começaram a me arrastar... tentei explicar a diferença de bourbon e scotch... mas levei um soco na boca do estomago... arrancaram minha carteira... tiraram 100 reais de dentro e me atiraram na rua... tudo isto sob aplausos... que eu achei que eram pra mim...
Aquilo era o meu limite... Estava saturado de pagar caro por bebidas e ser mal tratado... Arrastei meu traseiro bêbado até a cruz machado... onde eu consegui uma puta feia por um preço razoável... Acordei no outro dia com uma prazerosa e incomensurável sensação de ter trepado a noite inteira e ter sido roubado pela manha...

Segunda Feira

Segunda feira chuvosa, digna de um recomeço tardio e esparançoso... Tudo parece estar legal, acordo cedo, tomo banho, limpo a casa, faco o almoco... E a rotina vai entrando na semana com noites mal dormidas e filmes repetidos na tv. E dai eu comeco a me lembrar de todo um passado cheio de caminhos tortuosos e mal andados, e comeco a pensar no futuro a enfrentar.. um futuro cheio de incertezas e insegurancas... E comeco a fungar o nariz e franzir a testa e a sensacao de impotencia toma conta... La pela quarta-feira, pego a grana do aluguel gasto em comidas congeladas, bebidas destiladas e cocaina! Velhos amigos voltam a circular... a barba volta a crescer... e eu adio enfrentar o futuro para uma proxima e longincua segunda-feira...

A Carta

Ola, tudo bom? Como você tem passado? As coisas por aqui estão se encaminhando, volte e meia eu encontro alguma coisa sua perdida em um canto... Me da uma vontade danada de chorar, mas eu engulo e sigo em frente. É engraçado que, apesar do relacionamento conturbado, sempre me vem a memória uma lembrança boa de nos dois. E daí eu me pego sorrindo olhando pro nada, segurando uma toalha, uma blusa ou até mesmo o garfo com uma porção de qualquer coisa... As vezes até perco o apetite... É bom, porque estou emagrecendo.
Se lembra quando a gente começou a namorar? Estávamos nos dois sentados em um banco, nem me lembro a praça(minha memória continua a mesma), aquele monte de gente passando, e parecia que o mundo tinha sido feito pra nós!
Estranho como estas coisas acontecem... Ontem mesmo, eu tinha ido com o João e o Marcelo tomar uma cerveja naquele posto que tem na frente de casa, e quando estávamos chegando, tinha um casal meio envergonhados encostados em um carro conversando. Eu e os piás fomos pegar uma cerveja e na volta eu fiquei meio de longe observando os dois: ela era loira, magra, tinha um rosto bastante bonito, e ele meio largadão, barba por fazer... Uma hora eles ficaram sem assunto, e ela sem graça olhou pro céu... um céu feio pra danar, típico de Curitiba, caindo uma garoazinha fina, ele meio sem jeito foi aproximando pra tentar o primeiro beijo... Logo o João e o Marcelo perceberam e também começaram a olhar, o João falou: “po... o cara manda mal, tinha que ter grudado ela no capo e comecado a agarrar...” Eu ri... Mas eu entendi o cara... Ela não é uma garota qualquer... Ele deve estar gostando dela... E ela dele... O som do carro do João tava tocando aqueles pagodes bem fuleiros, mas daí, do nada começou a tocar uma musica mais romântica, do Pearl Jam... meio depre... mas romântica... e depois desta, veio aquela musica que você gosta... “I Miss You” do Blink 182 e o casal se abraçou... o Marcelo falou pra irmos embora logo que ele tava com frio... Entrando no carro o João falou: “olha aí... ajudamos o cara...”.
Imagina só daqui a alguns anos o casal se lembrando do primeiro beijo?! Já pensou se a musica que começou a tocar vira a musica deles... Qual era a nossa musica?? Acho que a gente não teve só uma né!?!?... A gente tinha uma pra cada momento... Eu lembro quando a gente tava no meu quarto, e eu tinha deixado um cd dos Beatles e não troquei... Na quarta vez que a gente tava transando você riu e perguntou se os Beatles seriam a nossa musica... Eu disse que não... Que Beatles era pouco, você deu um suspiro apaixonada e pegou no sono abraçada comigo... Hoje eu lembro e... Bem... Acho que Beatles ta de bom tamanho!

"We could be heroes, just for one day"

Em meio a ditaduras militares, guerras separatistas, guerra fria, corrida espacial, desenvolvimento enfim... As pessoas viviam as suas vidas nas suas proprias batalhas diarias. Um almoco ruim, uma batida de carro, um filho com notas ruins, a inflacao, o salario atrasado, o namorado da filha, a namorada do filho, etc, etc.
Dentre as milhares de pessoas que viviam, quero falar de um casalsinho muito simpático chamados de seu Julio e dona Iara, meus avos. Casalsinho simpatico e estranho, ele é um japones magro, que agora apresenta no rosto os tracos do conhecimento, e ela é uma baixinha italiana, de pulso forte e sangue quente, uma vovó moderna e cheia de vida. À principio parece que nao bate, pois japones é machista e autoritario e italiana é briguenta e mandona. Mas estes dois batiam. Uma estranha combinacao de paciencia oriental com a impaciencia italiana. Ela, segundo me dizem, vivia vermelha igual a um tomate e gritando pelos cantos, e ele nem ligava. A explicacao? Ele mesmo da, com a sabedoria milenar japonesa e um pouco de sotaque: “Nom adianta grita, porque o homem tem 2 orelha, por uma entra e pela outra sai”
E o tempo foi passando e a cada problema resolvido, surgiam varios outros. Mas este casal foi levando, enfrentaram juntos tudo que lhes aparecia pela frente. O país quebrou, mas eles continuaram la, a casa foi ficando velha, o bairro foi ficando movimentado, as filhas foram crescendo, casando, com os genros vieram os netos. Puxa vida, ja eram avos.Avos de cinco neto. Dizem as más linguas que assim que nasceu o primeiro, o seu Julio virou um bobo. De pai autoritario a vovo babao. Uma certa vez, estavamos eu e meu irmao mechendo em uma gaveta da cabeceira da cama do seu Julio, quando minha mae viu aquilo, ficou desesperada: “MENINOS, SEU AVO VAI FICAR UMA ARARA!! ARRUMEM JA ISTO” , nisto o dito apareceu no quarto, e simplesmente disse: “o, depois arruma tudo”. Deitou na cama e foi descancar, enquanto minha mae via aquilo de boca aberta. A cama, virou meu refugio de infancia. Sempre que a noite estava triste e chata, eu expulsava meu avo e dormia ao lado da minha avo. O sono era leve e gostoso.
Mas o tempo, infalivel, nao para. A cama foi ficando pequena para mim e eu tenho que buscar refugio em outras camas, de outras mulheres. Mas os dois continuam la, firme e fortes, o seu Julio com 80 e tantos anos e a dona Iara com “26”, segundo as suas proprias contas.
E nestes 50 anos, eles foram herois. Herois do dia-a-dia, enfrentando os viloes que a vida lhes apresentava a medida que o tempo passava. Foram grandes herois da minha vida, nestes 20 anos eles veem me socorrendo. Nos dias atuais de concorrencia, stress, desigualdades, corrupcoes, desilusoes. Eles estao ali, para me inspirar a continuar caminhando, para me mostrar que se a estrada é longa e muitas vezes dura, é tambem prazeirosa e cheia de alegria.
Se pelo menos por um dia, eu puder dividir a minha vida com outra pessoa, como estes dois fazem a 50 anos... Bem... Seriamos herois...

DDA Graças a Deus!!

Disturbio de Deficit de Atenção... Diagnosticado e ainda não tratado, se tornou meu carma, minha muleta, minha doença incuravel que me assola de maneira vil e me faz ser um individuo pior a cada dia que passa. Pelo menos é este o discurso enfadonho a cada cagada cometida: " -Nao acredito que voce largou a faculdade?!?!!? -É que eu tenho DDA e..." " -Não acredito que voce esta fazendo cursinho pela quarta vez!!! -É que eu tenho DDA e..." " -nossa.. isto foi rapido! -É que eu tenho DDA e...." " -voce ta pesando 100 kilos!?!?! -È que eu tenho DDA e..." A doença existe, o que eu poderia fazer?!!? Nao tinha outra opção, me agarrar a ela de tal maneira que ela acaba me completando, me dando forma e me alimentando! Ela torna a minha vida tão mais confortave: Tudo que existe de ruim no meu ser é de responsabilidade dela, ja tudo que a de bom e de glorioso foi graças a mim, apesar do DDA! E o melhor é que ela nao interrompe esta condição covarde, nao rebate minhas explicações: "pera ai... isto ai nao foi por minha causa nao... voce que é preguicoso..." ou entao: "pera ai... voce é gordo porque come demais.. eu nao tenho nada a ver..." Ela simplismente se cala confirmando o diagnostico, sendo minha cumplice, minha Eva Braun pronta para ir comigo até o fim da minha existencia miseravel! Talvez eu devesse assumir as minhas responsabilidades, talvez eu devesse comecar a dar sentido a minha vida, fugir deste determinismo barato regado a ritalina e magoas!! Eu bem que tento, mas como dira Micheal Corleone: "Just When i thought i was out... they pull me back!!"

Eta vidinha mais ou menos!

Sabe aqueles dias em que você quer mandar tudo a merda e sair sem rumo por aí? Mas os compromissos, as pessoas que dependem de você, que acreditam em você e que confiam em você fazem você engolir toda a frustração, indignação, tédio e manter sua rotina. Eu não sei, mas acho que isto deve causar câncer, e câncer de estômago, porque tudo vai parar na boca do estômago e depois de engolir o almoço a sensação de estar capado some, mas o estrago já ta feito, com o tempo alguma coisa vai acontecer. Pois é, então as vezes é bom não engolir nada, mandar tudo a merda mesmo e sair por ai sem rumo. Eu fiz isto hoje, escolhi uma rua bem longa e comecei a andar, o nome da rua era Brigadeiro Franco. Aos não curitibanos de passagem é uma rua que atravessa a cidade, sai de uma ponta dela, passa pelo centro e sai na outra ponta. Os primeiros 10 minutos não foram nada surpreendentes, é o caminho que eu faço diariamente até o cursinho, saio das mercês e vou até a vicente machado bem no centrão. Mas hoje eu resolvi seguir reto, passei o shoping curitiba e parei em uma padaria para comprar uma agua, o dia estava quente e eu estava suando como um porco... Mas um porco que já estava a meia hora caminhando debaixo do sol. Depois da padaria voltei a minha peregrinação e em pouco tempo já estava atravessando a praça do Atlético, me dei conta que já tinha dado uma boa caminhada, se fosse domingo não chegaria na esquina de tanta preguiça. O interessante foi que, 40 minutos de caminhada em linha reta eu havia atravessado o centro e estava no bairro Parolin. As paisagens haviam mudado drasticamente, ao invés de prédios luxuosos, hotéis e restaurantes haviam borracharias, oficinas mecânicas e uma favela. Os transeuntes também já não eram os engravatados do centro, eram pessoas pobres, negras e alguns mendigos. No Parolin fui abordado 3 vezes por pedintes e tive que desviar de um homem que dormia no chão. O engraçado é que lá também haviam umas 3 casas que destoavam da paisagem local, eram casas com muros altos, guaritas, piscina. O que me fez indagar: Quem chegou primeiro ali? A favela ou a burguesia. Sabe-se la... pergunta inútil de qualquer forma... Sei que é clichet e nada original, mas a capital social não chegou ali... Não conseguiu se distanciar 40 minutos do centro... Mas o problema é que aqui é plano... tudo é muito plano. Então a gente não vê. Quer dizer, a gente não. Tem gente que vê, eu vejo, mas preferia não ver. E tem gente que não vê e não faz questão de ver, nem de saber. É claro que dai fica fácil gostar do FHC, e ler a Veja... Mas fazer o que? Temos que lidar com a adversidade!

"Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito... mentira!"

Talvez por gostar muito de musica, minhas referencias filosoficas sobre as questoes da vida, venham sempre da letra de uma bela cancao. Para este novo post, me vieram varios trechos de varias belas cancoes, mas acho que nenhuma descreveria tão bem as coisas como esta fatidica cancao buarquiana! O termino de um grande amor é sempre algo doloroso, conturbado e lento, pelo menos para a parte que ficou com um "gostinho de quero mais". Logo após o termino vem a esperanca otimista, que tudo nao passou de uma briga, que as coisas vao voltar a ser como antes! Depois vem uma esperanca vingativa, que deseja que a pessoa amada volte de joelhos, só pra voce fazer ela passar por tudo aquilo que voce ta passando! Mas dai ela arranja um namorado, e esta feliz e contente! É como se apagassem as luzes, voce se da conta de que nao vai haver volta, esta tudo finalmente acabado! E dai vem a depressao e voce comeca a desejar que a sua ex morra, ou pior que voce mesmo morra! Mas o tempo nao para, e graca aos seus amigos, voce comeca a gostar de estar solteiro, as festas, os bares, o futebol. Tudo esta andando bem e voce jura que nao quer mais namorar, que voce vai curtir a vida, que este negocio de namoro nao serve pra voce! E sai cantarolando por ai: "vida de casado é boa, mas de solteiro é que é legal..."! Porem o sabio Chico Buarque sabe que isto aí é tudo balela, que a noite, quando voce esta sozinho, parece que o coracao encolhe, e que a alma da gente escorre pra fora do corpo, deixando um vazio angustiante! Pra encerrar, eu estava em uma festa de aniversario, destas que servem pra reunir aquele grupo de amigos que só se encontra em aniversarios mesmo. Nao sei como a conversa chegou em desilusoes amorosas e eu soltei uma frase amargurada: "toda tristeza da vida de um homem, é causada por uma mulher." Todos, inclusive as mulheres, concordaram, mas dai o membro feminino de um casal falou: "mas os momentos mais felizes tambem!, nao é amor?" E o sujeito com um riso patetico concordou e ambos comecaram a se beijar. Apesar de todo o embrulho no estomago que a tal cena me causou, tive que concordar. Afinal, nao deve ser à toa que tristeza e felicidade são palavras de genero feminino!

Expectations... Expectations...

James Joyce deveria escrever livros que as pessoas possam ler. Li o Retrato do Artista Quando Jovem e realmente me sentia cansado cada vez que fechava o livro, a linha do tempo me pareceu bem confusa. Engracado que cada vez que penso em uma critica a qualquer celebre escritor as palavras de meu pai me veem a mente: "humildade rapaz, humildade". Meu pai acha que se eu tive contratempos com James Joyce a culpa deve ser minha! Mas um poeminha me chamou a atencao: "Stephen Dedalus é meu nome, Irlanda é meu país. Em Clongowes tenho a minha residencia, mas só no céu espero ser feliz". Me chamou muita atenção, até fiz uma versão com o meu nome no msn. Sim, sim, eu gosto de mostrar aos outros que eu leio James Joyce, mas só aqueles que sabem quem é James Joyce. E depois de alguns dias eu fui atrás da versão original em ingles, e achei que o tradutor deveria ter traduzido de outra forma, pois alterou o sentido do poema original. Da maneira como eu li primeiramente, me da a impressão de descrença na felicidade terrena, uma coisa meio Agostiniana, onde a nossa existencia deveria ser cheia de sofrimentos para que possamos redimir nossos pecados e assim gozar da paz celestial. Porem, na versão em ingles esta assim escrito: "Stephen Dedalus is my name, Ireland is my nation. In Clongowes is my dwellingplace, and heaven is my expectation." Que ao meu ver da um ar mais esperancoso, algo mais lirico, onde o resultado da minha existencia bondosa é gozar da paz celestial. Estas baboseiras de colegio catolico, sabe? Estilo "um girasol, florido no jardim, buscando a luz do sol sorriu pra mim. Eu tambem sou, um pequeno girassol, buscando a luz de Deus, sorrindo assim". Acho que a tradução mais correta seria: "Stephen Dedalus é o meu nome, Irlanda é o meu país. Em Clongowes é a minha moradia, e para o céu eu pretendo ir" Até mantem uma certa sonoridade poetica. Mas novamente as palavras do meu pai me vem a mente: "humildade rapaz, humildade." Entao é melhor deixar para la...